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Coordenadas: N 39.84007º, W 8.90391º
Localização: Dentro da Mata Nacional, a cerca de 1000 m da nascente da Ribeira do Sardão, a 222 m da Azenha do Porto da Cepa. Acesso pela Rua Porto da Cepa.
Esta azenha é a segunda a ser alimentada pela Ribeira do Sardão. Inicialmente construída no século XVIII, com adaptações no século XIX, a azenha foi originalmente um moinho de rodízio com tanque de água (presa) para a sua alimentação. No início do século XIX, já estava adaptada para roda vertical (azenha), coexistindo com outra azenha, já desaparecida, situada a cerca de 100 metros.
Entre os anos 1930 e 1980, foi arrendada pelo moleiro João Coutinho ao proprietário Maria José de Oliveira Jordão. Funcionava durante todo o ano, moendo milho proveniente dos campos da região, exceto de maio a 15 de agosto, período em que parava às quartas e domingos para permitir a rega das culturas agrícolas.
A estrutura inicial da azenha compreendia a sala das mós e uma casa baixa com cozinha e quarto pequeno. Por baixo, até cerca de 1,20 m de altura, as paredes espessas eram em pedra, enquanto a casa era feita em adobos. A planta da azenha inclui uma sala das mós quadrangular com dois pisos: no inferior ainda se pode observar o mecanismo que movimentava as mós superiores.
A casa de habitação contígua possui cozinha, sala de jantar, corredor, três quartos e uma casa de banho. À entrada, há um alpendre onde está um moinho para limpar o milho. Os móveis atuais, embora não originais, são antigos, com cerca de 200 anos, trazidos por herança de uma tia lisboeta.
No tempo de João Coutinho, a azenha moía apenas milho, com uma maquia de cerca de 30% (11 kg de milho produziam 9,5 kg de farinha). Esta farinha era usada para a alimentação da família e para venda, representando o lucro do moleiro. Cerca de 80% da farinha era distribuída diretamente pelo moleiro, que a levava com o carro de vacas e um burro, respeitando o pedido dos fregueses para farinha exclusiva do seu milho.
Antes de moer, o milho era misturado numa arca para uniformizar os grãos — secos e húmidos, finos e grossos — garantindo o bom funcionamento da azenha. Uma moega cheia levava cerca de 80 kg de milho, e o processo de moagem de 10 kg demorava aproximadamente 1h30. À noite, por vezes era necessário encher a moega para manter a azenha a trabalhar, confiando no som da moagem para acordar os moleiros, que se habituaram a dormir com este ruído.
As mós exigiam manutenção regular: eram picadas a cada 2.000 kg de milho para manter a eficácia, trabalho feito pelo moleiro com ferramentas especiais, num processo que podia levar até 7 horas. As mós atuais foram colocadas em 1951 e desde então desgastaram cerca de 15 cm.
No chão ao lado das mós há duas peças reguladoras: uma móvel, para ajustar a altura da mó e assim temperar a farinha, e outra fixa, que suporta a grama do sistema inferior.
No inverno, nunca houve grandes problemas de inundação nesta azenha, apesar de terem ocorrido rebentamentos nas valas circundantes na azenha velha, que danificaram o local por duas vezes. Em situações de água excessiva, abria-se o “ladrão” para reduzir o nível da água e proteger o moinho.
A azenha nova deixou de funcionar definitivamente em janeiro de 2008.
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As informações apresentadas foram retiradas do Estudo realizado no âmbito da disciplina História Local e Cidadania para o Património, do curso de Educação Básica da ESECS do Instituto Politécnico de Leiria e assentam na pesquisa e análise de um bem cultural de interesse histórico e patrimonial.
Pela sua grande importância e pelo esquecimento a que estão votados no Presente resolveram as autoras incidir este trabalho sobre os Moinhos de Água, um conjunto de moinhos de rodízio e azenhas existentes na nossa freguesia, Carvide.
As autoras
Ana Paula Domingues
Elsa Maria Pereira
Carvide, Maio de 2009
Publicado por: União de Freguesias de Monte Real e Carvide
Última atualização: 04-08-2025