A obter dados...
(Também conhecido por Moinho do Caldeira)
Coordenadas: N 39.84575º, W 8.90065º
Localizado numa zona isolada de pinhal, o antigo Moinho da Morgada foi em tempos um dos três Moinhos do Caldeira. Hoje, da estrutura original resta apenas o terreno, onde foi construída a conhecida discoteca “Roda Viva”, já encerrada. Curiosamente, essa discoteca chegou a ter uma pequena azenha no seu interior, que aproveitava o caudal de água ainda hoje existente.
O acesso é feito pela estrada entre o Outeiro da Fonte e os Moinhos de Carvide, seguindo pela Rua Moinho Caldeira. Situa-se a apenas 76 metros da Azenha dos Arrojadouros.
Este moinho foi inicialmente utilizado para fins agrícolas e industriais. Pertenceu a Luís Rodrigues Morgado, natural da Gandara d’Aquém, que após regressar do Congo Belga na década de 1930 comprou uma quinta com cerca de 20 hectares e o moinho. O irmão, Manuel, e a sua numerosa família foram viver para o moinho, que passou a fazer parte do quotidiano familiar.
Luís Morgado viveu uma história de vida marcada por episódios intensos: apaixonou-se pela sua sobrinha Maria Inácia António, com quem teve cinco filhos. Dois dias antes de falecer, em 1945, casou-se com ela por escritura notarial e deixou os seus bens aos filhos. O moinho foi herdado por sorteio pelo filho Rui Morgado, atual proprietário do terreno.
O moinho era feito em adobos e tijolo, com uma sala das mós (um só casal), uma cozinha e um quarto usados pelos rendeiros, e uma casa anexa com três quartos, sala e cozinha, onde viviam os proprietários. No exterior existia uma represa para controlo das águas e um carro puxado por vaca, usado para transporte da farinha.
Ao longo dos anos, a moagem foi feita por rendeiros e moleiros contratados, incluindo familiares, como o tio Amadeu. A farinha era muitas vezes vendida diretamente pela própria Inácia na loja da família.
O moinho manteve-se de pé até cerca de 1975, entrando depois em ruína e sendo destruído cerca de 20 anos depois. Reza a história local — e é referida no livro “Moinhos, Luzes e Sombras” de Jacinto de Sousa Gil — que neste moinho terá sido cometido um crime, cuja memória ainda hoje ecoa entre os mais velhos.
****************************************************************
As informações apresentadas foram retiradas do Estudo realizado no âmbito da disciplina História Local e Cidadania para o Património, do curso de Educação Básica da ESECS do Instituto Politécnico de Leiria e assentam na pesquisa e análise de um bem cultural de interesse histórico e patrimonial.
Pela sua grande importância e pelo esquecimento a que estão votados no Presente resolveram as autoras incidir este trabalho sobre os Moinhos de Água, um conjunto de moinhos de rodízio e azenhas existentes na nossa freguesia, Carvide.
As autoras
Ana Paula Domingues
Elsa Maria Pereira
Carvide, Maio de 2009
Publicado por: União de Freguesias de Monte Real e Carvide
Última atualização: 04-08-2025